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Sementes crioulas de Etec chegam à feira do Parque da Água Branca

Etec de Andradina comercializará sementes e mudas para quem quiser levar opções para casa; unidade se empenha em apresentar o projeto e fomentar prática

7 de maio de 2025 5:26 am Ações, Etec, Projetos

Entre sementes crioulas e mudas, estarão à venda no evento 3,5 toneladas de produtos da unidade | Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

De quinta-feira (8) a domingo (11), o Parque da Água Branca, na zona oeste da Capital, recebe agricultores familiares de 23 estados, que levam ao espaço mais de 500 toneladas de alimentos livres de agrotóxicos. Entre os expositores está a Escola Técnica Estadual (Etec) Sebastiana Augusta de Moraes, de Andradina, que vem atraindo alunos de estados vizinhos, especialmente Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul. A unidade tem aumentado e aprimorado o seu Banco de Sementes Crioulas, também conhecidas como variedades puras, sementes ancestrais, tradicionais ou indígenas.

“Funciona como um banco porque quem leva um quilo de uma semente traz dois quilos depois de um ano”, explica Leandro Barradas Pereira, professor da unidade, que empreendeu a ideia em 2011. Disseminar as sementes para combater a insegurança alimentar e aumentar o valor nutricional à mesa é o objetivo da troca.

Agricultores familiares de Andradina serão responsáveis por cerca de 3,5 toneladas de alimentos, entre as mais de 500 toneladas que estarão no Parque à espera de compradores e de pessoas interessadas nos fazeres e saberes do campo. “Será um ambiente rico em trocas”, diz o professor, que deve levar à exposição sementes e mudas de plantas medicinais e aromáticas, como erva cidreira, ora-pro-nobis, manjericão, lavanda, alecrim, orégano e babosa.

Pedagogia da alternância

A Etec de Andradina já tem cerca de 100 variedades catalogadas entre cereais, oleaginosas, leguminosas e plantas medicinais, entre outras. Todos os esforços para assegurar a sucessão das pequenas propriedades rurais são feitos na unidade, que implementou a pedagogia da alternância, modelo que nasceu na França, nos anos 1930, a fim de evitar a evasão do campo depois da Primeira Guerra Mundial. Vem dando certo.

A prática alia teoria e realidade, mantendo o aluno ao longo de uma semana na unidade e a seguinte na propriedade agrícola da família. Ali, um professor o ajuda com as técnicas corretas para que o terreno seja sustentável – e rentável.

Nova realidade

No início dos anos 2000, a visão da agricultura familiar ainda era a do trabalho extenuante e “mão na massa”. Hoje a realidade é outra. “Além de incentivos governamentais, a mecanização própria para essas áreas de cinco alqueires, em média, dá conta desde o preparo do solo até a colheita, permitindo uma renda de cerca de R$ 100 mil ao ano”, avalia o professor.

As técnicas usadas na escola estão alinhadas com o segundo Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU): fome zero e agricultura sustentável. Além do banco de sementes crioulas, as práticas utilizadas mantêm os venenos longe da lavoura. “Para isso, nós imitamos a natureza”, explica Leandro Barradas, ao citar, por exemplo, os sistemas agroflorestais, em que se combinam árvores, forrações, criação de animais e culturas agrícolas.

Os professores do curso de Agropecuária Edilson Silva de Oliveira e Lauro Kenji Komuro estarão na Capital com Leandro, orientador da cooperativa escola.

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