Iniciativa busca transformar frutas fora do padrão em novos produtos para gerar economia e impacto real contra descarte de itens que mantêm intacto valor nutricional
Alunos da Etec de Jales utilizam técnicas de processamento para produção de doce de abóbora | Foto: Divulgação
Se você é daquelas pessoas que descartam alimentos que podem parecer fora do padrão por terem se desenvolvido com pequenas deformidades ou por apresentarem “lesões”, mas que mantêm intacto seu valor nutricional, precisa conhecer o projeto Processamento da Matéria-Prima: Fruta Feia, desenvolvido na Escola Técnica Estadual (Etec) Dr. José Luiz Viana Coutinho, de Jales. Criada por professores e alunos da unidade, a iniciativa visa estimular o reaproveitamento desses itens para um consumo consciente por parte da população, a fim de reduzir o desperdício de alimentos.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), todo ano, cerca de 46 milhões de toneladas de comida são desperdiçadas no País, o que representa aproximadamente 30% da produção nacional. Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) apontam ainda que o Brasil ocupa o décimo lugar entre os países que mais desperdiçam alimentos no mundo.
Segundo a coordenadora do curso técnico de Alimentos da Etec de Jales, Anieli Camila Artilha Leite, que também é engenheira de alimentos e encabeça o projeto, a proposta é justamente transformar frutas fora do padrão em novos produtos, gerando economia e impacto real contra o desperdício.
“Nosso objetivo é mostrar que, na maioria das vezes, o produto pode não estar dentro do esperado para a comercialização, mas mantém toda a qualidade de seus nutrientes, podendo ser reaproveitado na produção de diversos itens”, explica.
Sistema colaborativo
O projeto funciona como uma cadeia produtiva. Na prática, a Etec adquire de produtores rurais da cidade itens que, geralmente, não são destinados à comercialização. Na Etec de Jales, esses alimentos vão parar nas mãos de estudantes do Ensino Médio Integrado ao Técnico em Agropecuária que, sob orientação de docentes, transformam os itens em polpas, doces, chips de banana, entre outros produtos.
De acordo com o professor João Vitor Ferrari, engenheiro agrônomo responsável pela aquisição dos produtos, por mês, o projeto reaproveita, em média, 150 quilos de alimentos, o que inclui diversas frutas, como bananas, morangos, figos, mamões, goiabas e maracujás.
“O projeto mostra uma oportunidade de empreendedorismo para nossos alunos, além da consciência do desenvolvimento sustentável. Quando o estudante se forma, ele já entende como pode agregar valor à matéria-prima e tem a chance de ampliar sua renda e até abrir sua própria agroindústria”, afirma. O docente ressalta ainda a importância da iniciativa para a economia local, já que muitas dessas frutas seriam descartadas pelos produtores, gerando prejuízo.
Vestibulinho
Quem deseja participar de projetos como esse já pode se inscrever para o Vestibulinho das Etecs para o primeiro semestre de 2026. A inscrição deve ser feita até dia 3 de novembro, exclusivamente pelo site vestibulinho.etec.sp.gov.br. O valor da taxa de inscrição é de R$ 29.
O processo seletivo das Etecs contará com vagas para ingresso nos Ensinos Médio, Médio integrado ao Técnico, AMS – modelo de Ensino que integra os Ensinos Médio, Técnico e Superior –, cursos Técnicos e Especializações Técnicas.