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Escola Técnica Estadual de Andradina celebra Dia do Apicultor

Dois professores da Etec contam como foram atraídos pelo trabalho das abelhas; conhecimento é compartilhado em sala de aula e nas atividades abertas à comunidade

22 de maio de 2025 10:29 am Etec, Fonte, Projetos

Edilson de Oliveira e Lauro Komuro no meliponário utilizado para pesquisa e contato com diferentes espécies de abelhas l Foto: Divulgação

Comemorado em 22 de maio, Dia de Santa Rita de Cássia, a padroeira dos apicultores, o Dia do Apicultor é celebrado na Escola Técnica Estadual (Etec) Sebastiana Augusta de Moraes, de Andradina, com palestras, visitas técnicas em apiários e agroindústria, além de outros eventos relacionados às abelhas.

A Assessoria de Comunicação (AssCom) do Centro Paula Souza (CPS) ouviu dois professores da unidade agrícola localizada na Região de Araçatuba, para saber como eles foram atraídos pelo trabalho com esses insetos e como compartilham seus conhecimentos com os alunos.

Edilson Silva de Oliveira e Lauro Komuro vivem experiências diferentes no dia a dia como apicultores, mas têm como pontos em comum o interesse e o querer bem pelas abelhas: independentemente de ser a Apis melífera (a mais conhecida entre as espécies com ferrão) ou as da tribo Meliponini (sem ferrão).

Enquanto a produção de Komuro se destina a consumo próprio, a de Oliveira é comercializada com produtos como o mel líquido e em favo ou a cera bruta e alveolada. A vivência de ambos, adquirida ao longo dos anos, é compartilhada com os estudantes nas aulas práticas e teóricas do curso técnico em Agronegócio e do Ensino Médio Integrado ao Técnico em Agropecuária. Conheça um pouco da história dos dois educadores.

Contato desde criança

Ex-aluno e professor da Etec de Andradina há quatro anos, o médico veterinário Edilson Oliveira vem de uma família que se dedica à criação de abelhas para produção e comercialização de mel. Desde criança, os insetos atraíam sua atenção. Mais tarde, como estudante, se envolveu em projetos de apicultura, conciliando sua agenda com as atividades no apiário.

Hoje, ele sabe que o fascínio pelas abelhas também vem das lições de organização, colaboração e eficiência que os insetos transmitem. “Cada abelha desempenha um papel específico em suas colmeias, como coletar néctar, produzir cera, cuidar das larvas ou proteger a colônia.” É essa divisão de trabalho, com cada um se dedicando e cooperando com todos, que resulta no sucesso coletivo, lembra o professor.

Outra característica é a flexibilidade em ajustar suas funções para atender às necessidades da colmeia. Essa facilidade de adaptação valoriza o trabalho em equipe e contribui para ampliar a conquista dos objetivos.

Pela vivência, Oliveira ressalta que a rotina de um apicultor é movimentada, envolvendo inspeção diária das colmeias para diversas atividades, tais como: avaliar a saúde das colônias, checar estoques de mel e pólen, identificar possíveis doenças ou pragas e coletar dados sobre a produtividade. Dentre as tarefas realizadas durante o manejo, estão divisão de colmeias, substituição de rainhas e alimentação suplementar, quando necessária. Já na fase de colheita, é feita a extração de mel e própolis. Sobram ainda pendências para o período da noite, quando se dá o acompanhamento das atividades e o planejamento dos próximos passos do trabalho, visando o aprimoramento de técnicas e a preservação do meio ambiente.

Para quem deseja ser um bom profissional na área, o professor lembra a importância de aliar conhecimentos técnicos, prática intensiva, conscientização ambiental, gestão e empreendedorismo, quando se aprende a administrar os apiários, comercializar produtos e estratégias para agregar valor, seja para quem quer atuar de forma autônoma ou em empresa.

Ciente de que sempre há o que aprender, o professor continua seus estudos, fazendo cursos de especialização e mestrado. Recentemente ingressou no doutorado na Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu.

Todo conhecimento prático e científico de Oliveira chega aos alunos. “Compartilho minhas vivências, mesclando conceitos com exemplos reais.”  Pelo resultado, a cada conclusão de curso a iniciativa se mostra bem-sucedida, uma vez que promove um aprendizado integrado, onde teoria e prática se complementam, despertando nos alunos o interesse pela apicultura como área profissional e ferramenta para a sustentabilidade ambiental.

Trabalho solidário

Graduado em Agronomia pela Universidade Federal de Viçosa, Lauro Komuro teve o primeiro contato com apiário ainda no campus, no trajeto entre o alojamento e o refeitório. Ali nasceu seu interesse por saber mais e querer trabalhar com abelhas.

Após concluir o curso, em 1982, ele regressou à cidade de Guaraçaí, cerca de 600 quilômetros de distância da Capital. Lá, ele descobriu que os arredores de sua casa recebiam a visita de abelhas em razão do pomar de laranjas e da plantação de tomates. Sempre curioso, acompanhava admirado o trabalho incessante desses insetos, que desempenham um papel um essencial na polinização.

Seu interesse era acompanhado pela família. Graças ao conhecimento de um primo, aprendeu o manejo correto das colmeias, utilizando, por exemplo, fumigador com fumaça suave à base de eucalipto para evitar que as abelhas fiquem agressivas, além de adotar equipamentos de proteção individual (EPIs), como macacões, luvas e botas, para sua segurança.

O aprendizado crescia com o tempo. Logo veio a chance de repassar o que sabia. Em junho de 2001, Komuro, que também é mestre e doutor pela Unesp, começou a dar aulas na Etec de Andradina.

De lá para cá, acompanhou as mudanças que o tempo trouxe para a escola, como o investimento na implantação do meliponário em 2018, em uma área de 600 metros quadrados. Plantações diversas, como coqueiros, amoreiras e jabuticabeiras, favoreciam o trabalho das abelhas, como polinizadoras naturais, contribuindo para aumentar a produtividade e a qualidade das árvores frutíferas.

Utilizado para pesquisa e contato com diferentes espécies de abelhas pelos estudantes dos cursos técnicos de Agronegócio e Agropecuária, o meliponário também é aberto à visitação. Neste espaço, alunos da rede pública, com idade entre 5 e 16 anos, têm contato com o trabalho solidário da rainha, zangões e operárias, que desempenham suas funções em harmonia.

O aprendizado evidencia ainda que o estudo da apicultura é um indicador das mudanças climáticas. “O que às vezes o homem pode não notar, a abelhas percebem e seu comportamento muda em relação à produção e ao enxame”, finaliza.

As três primeiras fotos mostram aula prática no apiário da Etec.
Logo abaixo, o meliponário da unidade, utilizado pelos estudantes e aberto à visitação l Fotos: Divulgação

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