Filtro de Daltonismo

Embaixadora da Suécia no Brasil visita Espaço Memória Carandiru

Acompanhada do primeiro secretário de Direitos Humanos do país, Alexander Eriksson, Karin Wallensteen esteve na Etec Parque da Juventude para conhecer o museu

20 de março de 2024 5:42 pm Institucional

Construída no antigo pavilhão quatro da penitenciária, Etec Parque da Juventude abriga o Espaço Memória Carandiru | Foto: Divulgação

Do vão central da Escola Técnica Estadual (Etec) Parque da Juventude já se vê o portão com 300 quilos de ferro. É Portão da Divineia, apelido dado pelos detentos à primeira visão que tinham na entrada ou saída do Complexo Penitenciário do Carandiru. Com até 9 mil moradores, a prisão se autodefinia como Cidade, com moradores, e um idioma próprio, a Gíria.

Foi sobre essa forma de moradia que a fotógrafa inglesa radicada no Brasil, Maureen Bisiliat, se debruçou para montar o acervo do Espaço Memória Carandiru. Depois de duas décadas colecionando imagens e peças, a artista cedeu a coleção à Etec que ocupa o antigo Pavilhão Quatro, preservado da demolição da penitenciária, em 2002 (Veja o vídeo)

“Maureen fazia diversos trabalhos artísticos dentro da penitenciária, distribuía câmeras fotográficas e filmadoras para que os detentos registrassem seu dia a dia. Ela também coletava as artes que eles produziam. Sempre houve muita preocupação em manter essa memória”, conta a historiadora e museóloga Cecília Machado, professora do curso técnico em Museologia da Etec Parque da Juventude e responsável pelo espaço.

Para conhecer essa memória, a embaixadora da Suécia, Karin Wallensteen, e o primeiro secretário para Direitos Humanos, Alexander Eriksson, viajaram de Brasília a São Paulo. Em um roteiro ligado a preservação dos direitos humanos, o Espaço Memória Carandiru impactou.

“É uma história muito dolorosa, mas que precisa ser conhecida e preservada. O Brasil hoje é mais cuidadoso com os direitos humanos, mas não pode deixar de olhar para as ‘quebradas’ diz a embaixadora Karin Wallensteen.

Mesmo com o português apurado, os suecos foram surpreendidos pelo novo uso que os detentos davam ao idioma. Conheceram o Bonde, o transporte que levava aos julgamentos, a Bigorna, uma chapa de ferro aquecida com resistência elétrica para esquentar água para banho. Descobriram que Faxina era a liderança do presídio, e Depósito era o Pavilhão Nove, o mais lotado.

“As celas do Pavilhão Nove recebiam até 40 presos em um espaço que caberiam no máximo 4, muitos ainda sem julgamento”, conta a professora.

Jumbo era a comida, Gambiarra, o fio emendado. O Pavilhão Cinco era espaço de trabalho, chamado de Fábrica, de pipas ou de facas, como as expostas ali. Pavilhão Dois era a Triagem, o Quatro chamado de Enfermaria, onde estamos agora. As portas de celas foram trazidas de outros pavilhões, com suas pinturas e textos.

“Não é uma memória penitenciária simplesmente, é uma memória antropológica. O local mostra como viviam, moravam, comiam, dormiam, riam e choravam os homens que viveram aqui. Não é sobre crimes ou punições, mas sobre uma história que não pode se perder”, afirma Cecília.

Saiba Mais:
Etec Parque da Juventude abre Espaço Memória Carandiru
Etec Parque da Juventude (Santana)

Compartilhe


Veja também